domingo, 26 de junho de 2016

FACEBOOK PARA ALGUNS JOVENS

Por Genival da Silva
Professor de História da Educação Básica 

A imagem ao lado demonstra o deus grego, Narciso, que se apaixonou pela própria imagem. Quando ao contemplar a sua imagem nas águas de uma fonte, é capturado pela espetacular imagem, permanecendo até a morte. Neste sentido, mediante imagem, é possível verificar uma realidade atual de muitos jovens brasileiros, usuários do Facebook. Onde é possível afirmar que, quem desejar compreender como alguns jovens pensam e se comportam diante de diversas atitudes, é só observar as diversas publicações nessa rede social. Muitas publicações são reflexos duma falta de compreensão da realidade. A única realidade que importa é o reflexo mediante as próprias publicações. 
Dentro desse contexto, é possível afirmar que o Brasil em especial, passa por um processo de idiotificação, no que se refere algumas publicações em Face book. Nesse cenário, vemos que alguns jovens nas suas várias publicações, demonstram ausência de reflexão e autoanálise, pois expõem a sua vida como se esta fosse resumida numa simples imagem publicada, como se tudo fosse uma mera publicação de fatos sem mesmo expor a sua capacidade de opinião, publicam frases feitas sem a compreensão da sintaxe (parte da gramática que trata das funções das palavras na frase e das relações entre si) e, dessa forma, foi verificado que a sua capacidade de reflexão está limitada, pois, comportam-se como se fossem idiotas, pois não conseguem enxergar além deles mesmos. Só para saber, em grego, idios corresponde “o mesmo”. Desse modo, é a pessoa que não consegue enxergar além dela mesma, pois julga tudo conforme a sua própria pequenez. Em outras palavras, tudo gira em torno da falta de compreensão. O resultado disso, é a sua concentração em sala de aula que está cada vez mais limitada, pois não conseguem compreender um texto simples de quatro parágrafos, por exemplo.
Diante do exposto, este texto pretende propor uma abordagem interdisciplinar relacionada à leitura. Pois, essa é uma das habilidades imprescindíveis para qualquer ser humano. Nisto, tentar desenvolver nos alunos a habilidade de ler o mundo o qual faz parte, a realidade através da relação de ensino-aprendizagem, ou seja, o ato de uma ação prática entre a sala de aula e a realidade. Gerando assim, as habilidades necessárias que potencializam, fortalecem a compreensão em muitas áreas do conhecimento, como podemos ver a seguir.
Para Mônica Garcia Barros no seu texto, As Habilidades de Leitura: Muito Além de Uma Simples Decodificação, aponta que ao estudar matemática, a criança terá que realizar a leitura de sinais, de números existentes numa determinada situação, bem como a leitura dos enunciados das questões propostas nas atividades. Já em história, será promovido um encontrar com um universo de palavras que caracterizam uma época, um acontecimento. Sendo capaz, portanto, de realizar uma leitura proficiente desse contexto, pois ela não só compreenderá o passado, como também poderá estabelecer paralelos sobre a época estudada e a realidade atual. (texto disponível em:  <http://www.profala.com/arteducesp84.htm>. Acessado em 25/06/2016).
Ora, se muitos jovens, possivelmente, estão fora desse contexto que Mônica Garcia Barros nos relata, qual será o perfil desses futuros universitários? Certamente, acadêmicos analfabetos funcionais. Nesse sentido, a proposta será de desenvolver projetos interdisciplinares. Nessa lógica, é possível indicar bons livros que abordam várias áreas do conhecimento.
No livro, A Revolução dos Bichos (1862), de George Orwell, que aborda a Revolução Russa de 1917 através de uma alegoria, pode ser uma excelente sugestão interdisciplinar, pois além de compreender o processo revolucionário russo da época de Josef Stalin, há igualmente, uma breve abordagem do pensamento do filósofo alemão Karl Marx, em que criticou a sociedade capitalismo do século XIX. Essa obra de Orwell sugere uma revolução socialista dos bichos, assim como Marx defendeu a revolução socialista dos proletariados. De acordo com a leitura desse livro, os professores de História, Filosofia, Geografia e Sociologia podem trabalhar nas suas aulas, conceitos como democracia, ditadura, revolução, a origem do capitalismo e as suas fases, dentro do contexto da revolução industrial inglesa, a partir do século XVIII.
Além dessa obra de Orwell, o livro Os Miseráveis de Victor Hugo, relata os acontecimentos importantes em França do século XIX, que estão contextualizados entre duas grandes batalhas: a Batalha de Waterloo (1815) e os motins de junho de1832. Sob a perspectiva de Hugo, o professor de História, pode trabalhar muito bem os conceitos sobre a República, Monarquia, Revolução. No mais, é um romance que aborda em distintos personagens, sentimentos terríveis como a inveja, a ganância, a soberba. Entretanto, centrado numa personagem, Jean Valjean, são demonstrados valores éticos e morais que são trabalhados pelo professor de filosofia.
Para o professor André Gazola no seu texto, como despertar o gosto pela leitura – dicas para professores, afirma que quando o aluno ler o livro Dom Quixote, poderá elaborar uma atividade, com a abordagem de um mapa, encontrar a localização do “Canal da Mancha”. Criando uma relação entre literatura e geografia. Por lado, se os alunos abordarem Cíntia Moscovich e os seus personagens judeus, podemos explicar um pouco sobre esse povo e as atrocidades que viveram na Segunda Guerra Mundial. Nisto, provocando uma relação entre literatura e história. Ademais, se lermos Jane Austen e as suas heroínas perspicazes que se recusam a um casamento arranjado, podemos comentar esse tipo de situação que ocorria até fins do século XIX, porque a relação entre literatura, história, sociologia e antropologia são marcantes. Sendo assim, consistiria numa atitude de compreensão da realidade através da leitura de bons livros.
Além dessas indicações de livros supracitados, segue sugestões de autores da nossa literatura brasileira: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Cecília Meirelles, José Geraldo Vieira, Graciliano Ramos, Machado de Assis, bem como livros infanto-juvenis. Nessa medida, é vital compreender que a prática da leitura interdisciplinar, deve começar a partir da infância, pois as nossas crianças irão desenvolver múltiplos conhecimentos com as obras literárias e, assim, chegarão nas Universidades brasileiras capacitadas intelectualmente. Claro que, não sendo analfabetos funcionais e nem indisciplinados no processo de ensino-aprendizagem, interdisciplinar, pois as possibilidades serão estimuladas para uma ação prática entre a sala de aula e a realidade.