DARWINISMO
SOCIAL E A TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES
Por Genival da Silva
Professor da educação básica
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| “From the Cape to Cairo” (1902), de Udo Keppler. |
O presente texto possui como pretensão identificar e
compreender as diferenças entre o Darwinismo
social e a teoria da evolução das espécies de
Charles Darwin. O primeiro trouxe
pelos estudos da evolução, a ideia do progresso e da superioridade da raça branca europeia. Enquanto que para o segundo, os estudos relativos à evolução das
espécies e a seleção natural, demonstrou que não há possibilidades de um vínculo no
campo de uma compreensão sociológica. Mas a defesa do Darwinismo social por Herbert Spencer influenciou diversas
teorias, como racismo, imperialismo e a eugenia, dentro de uma visão
sociocultural nos países industrializados da Europa. Essas ideias repercutiram para todo o território europeu e para países da América como os Estados
Unidos e o Brasil.
Herbert Spencer (1820-1903), filósofo inglês, é considerado um grande expoente do Darwinismo social sob a perspectiva da “sobrevivência dos mais aptos”. Este estudo social, centrado no tema da evolução foi desenvolvido entre os séculos XIX e XX.
Herbert Spencer (1820-1903), filósofo inglês, é considerado um grande expoente do Darwinismo social sob a perspectiva da “sobrevivência dos mais aptos”. Este estudo social, centrado no tema da evolução foi desenvolvido entre os séculos XIX e XX.
Os estudos de Spencer, do darwinismo social, consistiram numa tentativa de aplicar a teoria darwinista para entender as sociedades humanas. Em outras palavras, significou uma reelaboração da teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin, e da seleção natural do terreno da ciência natural para a realidade sociocultural.
Nesse cenário, a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin, foi direcionada para fins políticos e econômicos dos países capitalistas da Europa do século XIX. Compreendemos que Darwin, nunca procurou elaborar uma relação entre a sua teoria da evolução das espécies a progresso. Entretanto, mesmo sem nenhuma relação, gerou a ideia de darwinismo social para Spencer.
O ideal de progresso já estava impregnado na Europa no século XIX por filosofias como a do positivismo, incluindo Herbert Spencer. Esse defende que a sociedade possui como característica engendrar uma beligerante evolução positiva entre os seres humanos, ou seja, progride conforme os indivíduos mais adaptados e habilidosos, pois em consideração a uma adaptação fortemente sociológica. A seguir teremos um esclarecimento sobre um embate entre o Darwinismo e Spencerismo.
Primeiramente, é vital verificar que o Darwinismo social, é uma leitura da sociedade a partir da teoria da evolução positiva. Recebe esse nome, uma vez que se baseia no Darwinismo, que é a teoria da evolução desenvolvida por Charles Darwin (1808-1882), no século XIX. Para Spencer, a sociedade é formada por indivíduos que competem uns contra os outros. Com essa tese, a “evolução” as sociedades progridem com a sobrevivência dos mais adaptados. No entanto, para Darwin, evolução nunca significou progresso.
Para Darwin, a evolução é simplesmente mudança, e não necessariamente leva a algum tipo de hierarquia, seja ela superior ou inferior. Logo, cada espécie é adaptada ao seu contexto e, portanto, não existe uma superior. Por essa razão, muitos estudos preferem chamar essa doutrina de spencerismo social ao invés de darwinismo.
A relação beligerante entre os indivíduos na sociedade, conforme o darwinismo social de Spencer criou-se as justificativas para o racismo, que foi propagado no século XIX. Para os adeptos dessa tese, um dos fatores que influenciavam nessa luta era a raça: na existência de indivíduos incapacitados racionalmente. Nessa situação, as sociedades eram levadas a declinar-se.
Para Spencer, a teoria da evolução de Darwin, podia ser perfeitamente aplicada à evolução da sociedade, ou seja, como existia uma seleção natural entre as espécies, com o predomínio dos animais e plantas mais capazes, ela existiria também na sociedade.
Nesse raciocínio, o darwinismo social acabou fundamentando diversas práticas racistas em que a raça branca era a superior e a única responsável em levar as sociedades ao progresso. Dito isso, o darwinismo social acreditava na existência de sociedades superiores e inferiores. As que se sobressaem física e intelectualmente deveriam ser os governantes das sociedades racionalmente incapacidades. Sendo assim, estas deixariam de existir pelo fato de que não eram capazes de acompanhar a linha evolutiva da sociedade. Assim, elas entrariam em extinção acompanhando o princípio de seleção natural.
Partindo dessa concepção, surgiu a Eugenia. Esta formulada pelo inglês Francis Galton (1822-1911). Igualmente uma tentativa de afirmar uma necessidade de selecionar os indivíduos com melhores genes para aprimorar a sociedade como um todo. A tese consistiu em comprovar a existência de genes bons nas sociedades e nesse sentido, como contrapartida, a existência dos genes indesejáveis. Para tanto, as práticas eugênicas procuravam eliminar essas características ruins na população. E mais uma vez, através dos considerados “genes bons”, a raça branca não eram identificadas nas populações não europeias. Estas estavam presentes nos amarelos, os indígenas (ou chamados “vermelhos”) e nos negros, no topo da hierarquia evidentemente, estariam nos brancos. Essa hierarquia, contudo, nunca foi verificada cientificamente, mas, resultou em um fenômeno chamado imperialismo.
A prática do imperialismo provocou uma partilha do globo terrestre entre as nações europeias industrializadas. O objetivo era de obter mão de obra e matéria-prima baratas em suas respectivas colônias, além de um mercado consumidor para seus produtos industrializados.
O imperialismo, portanto, consistiu em um movimento
de expansão do território, cultura e economia de uma nação para povos vizinhos ao
redor do mundo. Nesse ponto, o imperialismo encontrava no darwinismo social um
argumento favorável, além do racismo e da eugenia.
Para tanto, as justificativas dos que defendiam o imperialismo era que a Europa estava levando a “civilização” para os povos mais “atrasados”. Na prática, o que houve foi uma exploração das pessoas e dos recursos naturais de diversas populações. Em alguns casos, ocorreu até mesmo o extermínio de grupos que resistiam à dominação estrangeira.
O darwinismo social ajudava a escamotear essas violências com o argumento da “sobrevivência dos mais aptos”. As sociedades europeias seriam supostamente mais avançadas e, por isso, conseguiam expandir sua influência ao redor do mundo. Todavia, atualmente sabe-se que todas as culturas são complexas e não há uma forma de organizá-las entre “avançadas” e “atrasadas”.
Diante do exposto, podemos compreender que o darwinismo social foi uma doutrina que se espalhou pelo mundo juntamente com o imperialismo, pois as ideias que vieram do darwinismo social tiveram vários impactos sociais e políticos.
Para tanto, as justificativas dos que defendiam o imperialismo era que a Europa estava levando a “civilização” para os povos mais “atrasados”. Na prática, o que houve foi uma exploração das pessoas e dos recursos naturais de diversas populações. Em alguns casos, ocorreu até mesmo o extermínio de grupos que resistiam à dominação estrangeira.
O darwinismo social ajudava a escamotear essas violências com o argumento da “sobrevivência dos mais aptos”. As sociedades europeias seriam supostamente mais avançadas e, por isso, conseguiam expandir sua influência ao redor do mundo. Todavia, atualmente sabe-se que todas as culturas são complexas e não há uma forma de organizá-las entre “avançadas” e “atrasadas”.
Diante do exposto, podemos compreender que o darwinismo social foi uma doutrina que se espalhou pelo mundo juntamente com o imperialismo, pois as ideias que vieram do darwinismo social tiveram vários impactos sociais e políticos.
Acima temos uma charge francesa de 1885. Vemos uma representação possível da divisão da China entre Inglaterra, a Alemanha e a Rússia. A França país que tinha grandes investimentos na Rússia olha por trás do Czar (imperador da Rússia), participando indirectamente do jogo imperialista. Entretanto, o Japão, demonstra está pensativo, pois analisava como poderia participar da partilha. Ao fundo, temos o imperador chinês que observa a cena em um estado de aflição. A seguir, temos outra charge, de um Britânico sendo servido por indianos.
Também abaixo, temos
outra charge de F. Victor Gillam, onde podemos identificar como os países
imperialistas justificavam seu domínio pelo do “fardo do homem branco”. Nisto,
ilustra o pensamento disseminado de que as nações ocidentais estariam fazendo
um favor às nações não brancas interferindo em sua política.
Caro leitor, em nossas considerações finais, tente observar a seguinte realidade: dentro do contexto do século XIX, um rico francês poderia dormir em paz após provar um chocolate, enquanto viajava de trem pela Europa. Essa situação “agradável” foi resultado de muito sangue derramado, para que fosse possível ele andar sobre aqueles trilhos e poder saborear o seu doce. Entretanto, se fosse uma pessoa com menos posse, ainda assim com boa qualidade de vida, provavelmente ela se encontrava orgulhosa, pois a sua nação estaria ensinando aos pobres e inferiores colonizados a crescer.
Como vimos, essa realidade poderia ser explicada pelo ponto de vista do Darwinismo Social, de Herbert Spencer. Este justificava a presença europeia na África e na Ásia pela ideia da “sobrevivência dos mais aptos” e do “fardo do homem branco”. O Darwinismo Social inspirado (mas não concebido) na teoria evolucionista, afirmava que havia uma diferença biológica entre diferentes etnias que permitiria a separação dos indivíduos entre superiores e inferiores.
Sendo assim, o “sucesso econômico e intelectual” dos homens brancos
ocidentais seria um reflexo do que afirmava aquela tese. Dessa maneira,
aos “superiores” restava a “missão humanitária” de civilizar os outros povos do
mundo. Isso justificaria o domínio de franceses, ingleses, alemães, belgas e
tantos outros países sobre outros continentes.
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